quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Leveza...

Dez e meia. Sol escaldante. Calor insuportável. É um daqueles dias perfeitos para estar na praia, olhar o mar, sentir a brisa, estar perto da natureza! Mas a praia está longe, muito longe! A praia é quase um sonho, já que ela tem aula a tarde inteira. Mas ela não resiste ao convite da amiga pra parar um pouquinho, sentar na mesa e tomar uma cerveja pra acalmar o dia. E a meia horinha que deveria levar a conversa estendeu-se. Perdeu a aula de Humanismo. Valeu a pena perder a aula de Humanismo, agora ela sente que está, finalmente, despreocupada com coisas que nunca deveriam ter conturbado seus pensamentos. Estamos rodeados de coisas lindas, lugares maravilhosos, pessoas especiais. Existe tanta coisa maior do que a gente imagina. De que adianta pensar em coisas que não deram certo? As coisas passaram, as pessoas mudaram. A vida prossegue e não vale a pena alimentar o que não existe. Ilusão. Tudo ilusão. O dia dela tornou-se mais lindo ainda quando viu que as pessoas estavam se acertando, deixando de lado o que as consumia e tentando seguir por um caminho diferente, sem medo.
Sentia-se leve porque não esperava nada de ninguém, só a paz a encantava. Só a liberdade a atraia!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Vila dos Comerciários

Ida à sessão da fono no Agamenon Magalhães, próximo à Vila dos Comerciários (Casa Amarela), mais precisamente à casa da minha bisavó, já que era ela quem me levava de manhã cedinho... O momento mais feliz era a volta... Vovó Severina tentava me agradar com um pacotinho de waffer sabor abacaxi e uma fanta uva (e conseguia, parecia realmente ter a receita mágica capaz de fazer brilhar meus olhinhos ainda infantis. Enquanto painho não chegava p/ me buscar eu a fazia cia defronte à televisão, divertindo-me com os desenhos, assistindo ela dar forma aos tecidos, arrumando seus objetos de pequeno valor material, mas de incontável valor humano ou brincando com os tubinhos de linha vazios. Quando meu tempo não era preenchido por nenhuma dessas atividades eu estava guardando os soldadinhos do ‘’pé de pinha’’ numa caixinha de fósforos, tocando no ‘’enrola-enrola’’ para vê-lo encolhendo-se por completo ou comendo queijo com doce no sofá de voinha, admirando com distinta atenção cada peça que compunha a pequena sala de belezas raras e discretas... simples como apenas ela sabia ser! Ah, quantas lembranças a Vila dos Comerciários me trazem... O almoço do dia do Natal... Lembro-me de alguns flashes... a família toda reunida numa casa que era tão pequenininha, mas que tinha lugar p/todos, exatamente como no coração de Vovó Severina. É daquelas tardes paradas e vazias que agora eu sinto saudade... É de ficar sentadinha no muro esperando esperançosamente alguém que eu realmente não sabia quem era chegar (mesmo, no fundo, já sabendo que a minha espera era em vão... acho que ninguém me notaria naquelas tardes... os meninos grandes se entretiam jogando bola no campinho próximo, os homens trabalhavam ou reuniam- se no bar p/ prozear e as senhoras estavam dentro de casa preparando a próxima refeição do dia). Eu queria comprar bombom na venda. Eu queria comer galinha cabidela com o arroz e o purê de vovó Severina no natal novamente. Eu queria a família toda junta, ouvindo Tio Almir tocar violão sem prestar atenção às notas que saíam das cordas e dos seus dedos... porque minha preocupação, minhas prioridades eram de criança... Eu queria estar na árvore, caçando soldadinhos, queria estar próxima à natureza descobrindo os seus encantos... Eu queria estar cercada de pessoas queridas, de pessoas amadas... estar junto sem hipocrisias, sem precisar aparentar ser absolutamente nada... Ser somente você e não dar a mínima importância se esperam mais ou menos das suas atitudes! Ser humano... Ser criança! =)